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Paris 6 uma História de

 

A história do Paris 6 começa muito antes do Paris 6 em si. Na realidade, começa em 2004, no comptoir (balcão de bar, em francês) do saudoso Di Bistrot, em São Paulo, sentado entre umas biritas e outros com o Chef Cássio Machado, proprietário daquele exótico espaço, com luzes escuras em tons azulados e obras ao estilo Basquiat – pelo menos é assim que me vêm à lembrança, fruto da minha fértil imaginação.

À época eu já possuía meu próprio e exótico Bistrô, o Azaït. Uma viagem no tempo e no espaço a um calabouço etrusco, com paredes pintadas em cal pigmentado, iluminadas por lamparinas de azeite. A Gastronomia era uma experiência à parte, harmonizando pratos clássicos de povos Mediterrâneos com azeites de oliva extra virgem com aromas e sabores característicos das regiões desses povos milenares. O Azaït, como dizia Antônio Campos, um amigo e frequentador da casa, era um refúgio no meio da loucura da cidade de São Paulo. E era mesmo.

Mas voltemos ao comptoir do Di Bistrot, com Cássio Machado (hoje proprietário do Rex, igualmente exótico). Nessa noite conversávamos sobre lugares imortais onde história e gastronomia se encontravam. Inevitavelmente, caímos em Paris. 


Falamos de lugares que cada um de nós dois conhecíamos e gostávamos de frequentar. Eu, no caso – e sem me dar conta – mencionei os centenários Cafés-Brassseries de Saint-Germains-des-Prés, situado no 6º Distrito de Paris, o 6eme Arrondissement. Lá, ainda hoje, existe o Le Procope, o primeiro Café Brasserie da França, fundado pelo italiano, Francesco Procopio – se você for a Paris, vale a pena visitar.

Enquanto conversávamos sobre essa região única de Paris, frequentada há séculos pelos maiores nomes da Cultura Mundial, muitos Cafés vieram à mesa: a Brasserie Lipp, uma das minhas favoritas; o Café de Flore – onde anos mais tarde tomava café da manhã com o artista plástico, Flávio Rossi, às 3h da tarde, saboreando uma deliciosa coxa de pato confitado com salada, acompanhada de um barato e delicioso Pinot Noir alsaciano. Claro que falamos do Les Deux Magots, do Le Petit Zinc (uma Brasserie centenária que há alguns anos fechou suas portas), e tantos outros Cafés-Brasseries que em comum tinham sua secularidade, com histórias escritas imaginariamente em suas paredes por nomes como Pablo Picasso, Dali, Hemingway, Modigliani e outros monstros da Cultura Ocidental do século passado. Todas essas histórias, diga-se de passagem, eram e ainda são harmonizadas nesses Cafés-Brasseries com a ambiance dos movimentos Modernistas da arquitetura do século passado: o Art Noauveau e o Art Decô.

As taças de vinho se tornaram garrafas, e o papo inebriante com Cássio já ultrapassava o limite do tempo e do espaço onde estávamos. Nós, dois donos de restaurantes famosos de São Paulo (o Di e o Azaït), viajando anos luz da realidade. E foi nessa viagem que a embriaguez trouxe-me a iluminação de abrir um novo bistrô, um novo refúgio em São Paulo, que pudesse transportar seus clientes aos anos 20 do século passado. Especificamente, levá-los em espírito a Saint-Germaind-des-Prés, no 6º Distrito de Paris, o Paris 6eme. Ou simplesmente, Paris 6. Dois anos depois, a viagem no comptoir do Di Bistrot transformava-se em realidade.

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